7 FATOS sobre a PESTE NEGRA que você ainda não sabia

Salve, Medieveiros!

Eu sei que é clichê falar de Peste Negra no meio de uma pandemia, mas tenho certeza que  essas 7 coisas você ainda não sabia!

  1. A primeira curiosidade sobre a Peste Negra é sobre a medicina na época medieval:

Eu não vou me alongar muito nesse tópico porque ele é bem extenso, mas basicamente a medicina era baseada na Teoria dos Humores, que tinha inspiração em Aristóteles e Hipócrates. Esses humores eram de quatro categorias: quente e frio / úmido e seco. Os alimentos seriam considerados combinações desses humores, por exemplo: uma páprica em pó era quente e seca. Dessa forma, a Peste Negra, assim como outras doenças, era considerada um miasma, um ar fétido, que contaminava aqueles que entrassem em contato com esse ar. A prevenção e tratamento para Peste Negra, a partir da Teoria dos Humores, se consistia em basicamente quatro categorias:

  • curas animais: seria basicamente comer algumas partes nojentas de alguns bichos ou sangria com sanguessugas
  • curas vegetais: que seriam formadas por defumações e poções
  • curas religiosas: seriam bênçãos, jejum e orações 
  • E, a única coisa que talvez de fato funcionava: isolamento social!
“Quinta Essentia” por Leonhart Thurneisser zum Thurn (1574)

Assim como também tomar banho era um ato desencorajado pelas autoridades médicas da época, porque tecnicamente abre os seus poros e você fica mais suscetível ao miasma (pensa na “catiça”).

  1. Segundo fato: o doutor da peste não é medieval!

Desculpa acabar com seus sonhos mas o traje do doutor da peste foi uma invenção durante o século 17 por um físico francês (sim, os médicos eram chamados de físicos até meados do século 19) chamado Charles de Lorme. Ou seja, depois da Idade Média.  Esse traje se consistia em uma máscara de couro como essa aqui em formato de bico de pássaro, onde por dentro se colocavam ervas aromáticas que impediriam o físico (o médico) de entrar em contato e respirar o miasma. Também utilizava um sobretudo que ia do pescoço até os joelhos de lã batida besuntada em óleos de peixe ou cera (pensa que delícia), luvas de couro até os cotovelos e botas até os joelhos. também faziam parte desse traje. É claro, ele ajudava um pouquinho a impedir o avanço da Peste Bubônica nos médicos, mas não era pelo motivo que eles pensavam. O outro detalhe muito peculiar que fazia parte do doutor da peste era um bastão de madeira que ele usaria para manusear e cutucar as vítimas, quer dizer, os pacientes, que estavam infectados com a Peste Bubônica.

Doctor Schnabel (Paul Fürst) – 1656 (British Museum)

Não é medieval!

  1. Terceiro fato: o termo quarentena é medieval.

Durante o século 14, devido aos vários surtos de Peste Bubônica por toda a Europa, a cidade de Veneza emitiu um decreto em 1374 declarando que todos aqueles que desejassem entrar na cidade deveriam fazer 40 dias de resguardo numa ilha vizinha chamada São Lázaro (irônico, né?).

  1. Quarto fato: a Patrulha da Peste!

Consagrado por “Monty Python: em Busca do Cálice Sagrado” e depois tem uma referência no desenho da Netflix “Desencanto”, a patrulha da peste realmente existiu e era uma profissão durante algum surto de Peste Negra. As pessoas andavam pelas ruas com bastões, registrando as regiões e em que haviam infectados e quantas pessoas estavam infectadas. Talvez daí que o Charles de Lorme tenha tirado a ideia de colocar o bastão dos doutores no século 17. 

Monty Python and The Holy Grail (1975)

E esse tema nos leva para o próximo tópico, que na verdade é bem terrível…

  1. Quinto fato: presos em casa.

As pessoas que eram declaradas contaminadas com a Peste Bubônica eram, às vezes, junto de todo o seu grupo familiar (as pessoas que moravam com ela) presos dentro das suas casas. As suas portas e janelas eram pregadas com tábuas grossas e pesadas para que eles não pudessem sair. Suas portas eram marcadas de vermelho e ninguém deveria chegar perto da casa durante 40 dias. É claro que essas pessoas muitas vezes morriam, porque elas dependiam que os seus vizinhos se arriscassem tanto com o governo quanto com a peste para levar alimentos e água para eles durante esses 40 dias.

Mas ainda bem que hoje em dia ninguém mais dá esse tipo de ideia.

  1. Sexto fato: bacanais.

O termo correto é orgia. Por incrível que pareça, no meio da pandemia, com pau torando, teve outro que também começou a torar na França. A cidade de Avignon foi tomada pelo terror durante um destes surtos de Peste Bubônica e o que as pessoas fizeram foi um pouco inusitado. Muitos se entregaram ao fanatismo religioso e fizeram jejum com muitas orações e se trancavam em casa ou nas igrejas. Enquanto que por outro lado, outras pessoas resolveram se entregar aos pecados, porque pensavam que era o fim do mundo, que a peste era obra de bruxaria e então se encontravam dos cemitérios para fazer orgias. Isso se tornou uma prática tão comum que no final do século XIV, Roma teve que mandar um decreto para França dizendo que eles parassem de fazer “surubas” em cemitério.

  1. Sétimo fato: não veio da China.

Eu sei que tá na moda culpar a China por um monte de coisa, mas isso também não é

de agora. Curiosamente, tem relatos desde o Velho Testamento de surtos da Peste

Bubônica no Oriente Médio: “a praga que acometeu aos filisteus, cobrindo suas partes íntimas de feridas” (Samuel 1:6). Como a Peste Bubônica era proporcionada por pulgas, elas gostam de ficar embaixo das axilas e na virilha, então é claro que as feridas eram principalmente nesses lugares. A Peste Negra também tem muitos registros anteriores da Idade Média e, pasmem, não foi um surto de peste: foram VÁRIOS. A Peste ia e voltava com os anos e, de grandes surtos de Peste Negra, a gente conta durante a Idade Média, pelo menos dez.

Espero que tenham gostado dessas curiosidades da Peste Negra não se esqueçam que sempre queremos saber mais. Comenta aí se você sabe alguma curiosidade que não falamos dessa vez!

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