Hoje vou falar a VERDADE sobre os Direitos das Mulheres na Era Viking.
Eu sei que esse assunto é o que mais traz visualizações nos blogs e canais de youtube sobre a era medieval, games e curiosidades históricas. Também sei que é muito bom ver a galera compartilhando notícias sobre guerreiras vikings, shieldmaidens, Lagerthas e mulheres poderosas dessa sociedade antiga.
Mas será que tudo isso que a gente ouve a mídia falar sobre as mulheres da era viking é verdade?
Sinto MUITO dizer isso mas eu vou te decepcionar hoje.
É verdade dizer que as mulheres da Era Viking tinham mais direitos comparadas as mulheres de outros países deste mesmo período histórico. Mas me preocupa ver algumas fantasias em relação a liberdade e ao papel feminino na Idade Média.
Isso porque se a gente ameniza a realidade histórica que as mulheres viviam, a gente perde força para mudar nossa vida hoje e a gente nega o que as mulheres do passado viveram na pele.
O que sabemos sobre direitos das mulheres na Era Viking era de fato, constitucional. E a Literatura nos mostra como tudo funcionava. Além das sagas que recontam histórias de mulheres e seu papel familiar, temos um livro islandês de leis medievais chamado Grágás que dita, por exemplo, que mulheres eram proibidas de ter cabelos curtos, vestir roupas masculinas , carregar armas, entre outras coisas.
Só esse documento já levanta muita discussão.
Análises recentes do túmulo sueco de um suposto guerreiro viking, que foi enterrado com diversos equipamentos de guerra comprovaram que o tal “Guerreiro de Birka”, era na verdade, uma mulher.
Essa descoberta fomentou nossas ideias sobre as mulheres também terem feito parte das incursões vikings e alimentou nossa visão sobre o poder feminino nessa sociedade.
Mas o que sabemos de fato sobre esses direitos e deveres das mulheres?
Primeiro que, por lei, o papel da mulher era cuidar de tudo o que dizia respeito à sua casa. O cotidiano feminino se resumia em muito trabalho para alimentar sua família, amamentar, cuidar dos filhos, dos afazeres domésticos e fiar para tecer e vestir todos da sua casa para não morrerem de frio.
O homem cuidava de tudo o que dizia respeito da porta de fora da casa. Ele plantava, ele colhia, fazia trabalhos em couro e em madeira. Quando este homem estava fora de casa, em alguma expedição, caso fosse um mercador, a mulher tinha o dever de cuidar da fazenda até seu marido voltar.
Eu acho importante a gente pensar nessa função doméstica de uma maneira razoável e dando sua devida importância. Sem alimento, sem roupa para se aquecer do frio, sem animais bem cuidados, não existe nenhuma glória, nenhuma batalha, nenhuma força para o homem plantar e garantir o funcionamento dessa sociedade e a sua sobrevivência.
Não da pra gente negar que a mulher, ainda na sociedade viking, era um ser inferior ao homem. As mulheres não podiam se envolver em questões políticas, jamais falavam em audiências públicas, não podiam ser testemunhas, juízas ou tampouco opinavam sobre as decisões da vida social.
As mulheres estavam sempre abaixo da autoridade dos seus pais ou maridos. Mas claro, comparadas com o resto da Idade Média, a mulheres eram um pouco mais livre na Escandinavia Viking.
As mulheres decidiam pelas terras que fossem suas. Podiam pedir o divorcio, por exemplo, se seus maridos se ausentassem de suas camas por 3 anos , declarando sua solidão. Elas podiam se divorciar, dividir bens e ainda casar de novo.
É claro que o casamento sempre foi uma instituição e se divorciar era difícil desde aquela época. Dividir terras era um prejuízo imenso para ambas as famílias.
As mulheres eram protegidas por leis contra a violência doméstica. Se os maridos as agredissem 3x, elas tinham o direito de se divorciar ou se seus maridos se tornassem muito pobres. O estupro era proibido nas cidades e mesmo durante as incursões, era mal visto e os escandinavos eram os que menos estupravam na idade media comparados com outros povos.
A reputação das mulheres poderosas nas sagas vinham a partir dos seus maridos. Existem várias histórias de mulheres que disputavam quem tinha o marido mais interessante. E certamente elas aprendiam desde cedo como se apresentar para os homens.
A magia era uma prática proibida e muito mal vista na sociedade viking. Quando feita, era destinada para as mulheres. Existem sagas de mulheres videntes muito poderosas. Ou seja, se a magia fosse pro bem, a mulher podia fazer. O homem, jamais.
Sobre as mulheres serem guerreiras, o que é o assunto mais pertinente entre aqueles como eu que amam as curiosidades medievais, eu tenho minha interpretação sobre isso.
As mulheres não eram guerreiras de jeito nenhum. Não seria uma ideia muito inteligente mandar uma mulher para guerra. Elas nutriam a sociedade, eram essenciais para o funcionamento da vida.
Porque pra tornar uma mulher importante na história da humanidade, a gente precisa sempre masculinizar ela? Trazer características brutas para dar valor ao seu papel?
Não podemos olhar pro passado reduzindo a importância de uma mulher dona de casa, senhora da porra toda.