O filme Número 24 trouxe para os cinemas uma narrativa inspiradora sobre a resistência norueguesa durante a ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial. Baseado em eventos reais, ele retrata o heroísmo de homens e mulheres que se arriscaram para combater a opressão nazista. Mas, para além da ficção, a história dessa resistência está preservada em museus e locais históricos por toda a Noruega. Este artigo explora a conexão entre o filme, a história real e os lugares que você pode visitar para conhecer melhor esse importante capítulo.
A História da Resistência Norueguesa
Quando a Noruega foi invadida pelas forças alemãs em abril de 1940, muitos cidadãos comuns se uniram para formar uma resistência clandestina contra a ocupação. Grupos como o “Milorg” (organização militar clandestina) desempenharam papéis cruciais em sabotagens, espionagem e na organização de redes de fuga. Número 24 captura o espírito dessa luta, trazendo à tona histórias de coragem e sacrifício que marcaram o país. Com protagonismo em um dos homens mais condecorados da história da Noruega, Gunnar Sønsteby, vemos um jovem contador de apenas 22 anos dedicando sua vida para tornar o seu país livre.
A Ocupação Alemã
Após a invasão, a Noruega enfrentou uma rápida transformação. O governo nazista de ocupação, liderado por Vidkun Quisling, tentou implementar políticas que favorecessem os interesses do Terceiro Reich. Apesar disso, muitos noruegueses se recusaram a cooperar, resistindo de forma ativa ou passiva.
A resistência norueguesa destacou-se por sua organização e eficiência. Dividida em várias frentes, incluiu operações de sabotagem, disseminação de propaganda clandestina e ajuda a refugiados. Mulheres desempenharam um papel significativo, atuando como mensageiras, espiãs e organizadoras de redes de apoio.
Gunnar Sønsteby: Um Símbolo da Resistência Norueguesa
Gunnar Fridtjof Thurmann Sønsteby (11 de janeiro de 1918 – 10 de maio de 2012) é amplamente reconhecido como uma das figuras mais proeminentes da resistência norueguesa durante a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial. Sua vida foi marcada por uma combinação de coragem, inteligência estratégica e compromisso inabalável com a liberdade, o que lhe valeu o status de herói nacional.
Início da Vida e os Primeiros Anos
Nascido em Rjukan, no condado de Telemark, Sønsteby cresceu em uma comunidade marcada pela industrialização e pela natureza montanhosa. Esses cenários moldaram sua determinação e resiliência, características que seriam essenciais nos anos de guerra. Antes do conflito, ele estudou economia em Oslo, mas sua vida tomou um rumo drástico com a invasão alemã da Noruega em abril de 1940.
A Resistência Contra a Ocupação Nazista
Após a ocupação alemã, Sønsteby tornou-se rapidamente ativo no movimento clandestino. Ele começou a colaborar com o “Milorg”, a organização militar secreta norueguesa, e destacou-se por suas habilidades organizacionais e sua capacidade de operar sob intensa pressão.
O Codinome “Kjakan” e “Número 24”
Como agente da resistência, Sønsteby usou diversos codinomes, incluindo “Kjakan” (o Queixada) e “Número 24”. Esses apelidos simbolizam sua habilidade de manter o anonimato e a segurança enquanto realizava algumas das missões mais perigosas da resistência.
Entre suas realizações mais notáveis, estão operações de sabotagem contra alvos estratégicos, como a destruição de fábricas e suprimentos que apoiavam o esforço de guerra nazista. Ele também desempenhou um papel crucial na organização de redes de fuga para compatriotas e prisioneiros aliados.
Honras e Reconhecimento
Após o fim da guerra, Gunnar Sønsteby foi amplamente reconhecido por suas contribuições. Ele recebeu diversas honrarias, incluindo a Cruz de Guerra Norueguesa com três espadas, a mais alta condecoração militar do país. Em 2008, tornou-se o único norueguês a receber a Grã-Cruz da Ordem de Santo Olavo por serviços prestados à pátria.
Vida Pós-Guerra e Legado
Após a guerra, Sønsteby continuou contribuindo para a sociedade norueguesa como escritor, conferencista e defensor da preservação da memória histórica. Ele escreveu o livro “Rapport fra Nr. 24”, detalhando suas experiências na resistência.
Sønsteby também esteve envolvido na criação do Museu da Resistência Norueguesa (Norges Hjemmefrontmuseum), em Oslo, que mantém viva a memória da luta contra a ocupação nazista. Ele passou seus últimos anos compartilhando sua história com as gerações mais jovens, acreditando na importância de lembrar os sacrifícios feitos em nome da liberdade.
Falecimento e Tributo
Gunnar Sønsteby faleceu em 10 de maio de 2012, aos 94 anos. Seu funeral foi realizado com honras de Estado na Catedral de Oslo, um tributo ao impacto duradouro de sua vida. Ele foi enterrado na Fortaleza de Akershus, ao lado de outros heróis nacionais.
Um Legado de Coragem
Hoje, Gunnar Sønsteby é lembrado como um dos maiores heróis da Noruega. Sua história continua a inspirar filmes, livros e exposições, sendo uma personificação do espírito de resistência e coragem diante da adversidade. Visitar o Museu da Resistência Norueguesa, onde sua vida e legado estão detalhados, é uma forma de homenagear sua memória e aprender sobre o impacto duradouro de suas ações na história norueguesa.
Museus que Preservam a História da Resistência
A memória desses eventos está viva em diversos museus e locais históricos da Noruega. Cada um oferece uma perspectiva única sobre a luta contra a ocupação nazista.
1. Museu da Resistência Norueguesa (Norges Hjemmefrontmuseum) – Oslo
O Museu da Resistência Norueguesa, localizado na Fortaleza de Akershus em Oslo, é um ponto de partida ideal para explorar essa história. O museu apresenta uma narrativa detalhada da ocupação alemã e da luta pela liberdade, com exposições que incluem equipamentos originais usados pela resistência, documentos confidenciais e relatos emocionantes de participantes do movimento clandestino.
2. Museu da Sabotagem de Vemork (Norsk Industriarbeidermuseum) – Rjukan
A famosa planta de Vemork, em Rjukan, foi palco de uma das operações mais ousadas da resistência: a sabotagem à produção de água pesada, essencial para o desenvolvimento de armas nucleares nazistas. O museu explora em profundidade essa operação e permite que os visitantes caminhem pelos corredores onde a história foi feita. As exposições combinam tecnologia moderna com artefatos históricos, criando uma experiência imersiva.
3. Centro de Estudos da Guerra e Paz (Narvik Krigsmuseum) – Narvik
Narvik foi palco de batalhas cruciais durante a Segunda Guerra Mundial, e o museu local oferece uma visão detalhada desses confrontos. Além disso, o espaço destaca as conexões globais do conflito e o papel da resistência norueguesa em frustrar os planos alemães.
4. Museu das Forças Armadas Norueguesas (Forsvarsmuseet) – Oslo
Outro local em Oslo que merece destaque é o Museu das Forças Armadas, que apresenta exposições abrangentes sobre a história militar da Noruega. A seção dedicada à Segunda Guerra Mundial inclui dioramas interativos e relatos de operações realizadas pela resistência.
5. Memorial da Resistência em Tromsø
Tromsø, no extremo norte da Noruega, também preserva memórias importantes da resistência. O Memorial da Resistência destaca o papel das comunidades árticas, que muitas vezes serviram como ponto de partida para missões secretas e rotas de fuga para a Suécia.
Cidades Históricas para Explorar
Além dos museus, várias cidades norueguesas desempenharam papéis importantes durante a ocupação. Essas cidades não apenas abrigam locais históricos, mas também oferecem aos visitantes a oportunidade de explorar a beleza natural da Noruega.
1. Oslo
A capital norueguesa é rica em locais históricos relacionados à ocupação alemã e à resistência. Além dos museus, a Fortaleza de Akershus é um local simbólico que testemunhou eventos-chave da guerra. Monumentos espalhados pela cidade homenageiam os heróis da resistência, e um passeio pelas ruas de Oslo oferece uma conexão tangível com o passado.
2. Rjukan
Rjukan é uma cidade essencial para entender a resistência norueguesa. Suas trilhas históricas levam os visitantes aos locais usados pelos comandos durante a Operação Gunnerside, enquanto o Museu da Sabotagem detalha a importância estratégica da cidade. Declarada Patrimônio Mundial da UNESCO, Rjukan também encanta com suas paisagens únicas.
3. Narvik
Narvik, no norte da Noruega, foi um ponto estratégico durante a guerra. Além do museu, a cidade oferece passeios a locais de batalha preservados e uma vista impressionante dos fiordes árticos. Para quem deseja combinar história e natureza, Narvik é uma parada obrigatória.
4. Trondheim
Trondheim desempenhou um papel significativo como centro estratégico da resistência. Hoje, a cidade conta com passeios guiados que exploram seus túneis e abrigos usados durante a guerra, além de monumentos que homenageiam os combatentes locais.
5. Bergen
Bergen, uma das maiores cidades da Noruega, foi um importante centro de comunicação e transporte durante a guerra. Seus portos eram vitais para a logística nazista, mas também serviram como ponto de resistência para sabotagens marítimas. A cidade preserva monumentos e museus que narram essas histórias.
Vivenciando a História: Atividades Interativas
Além de visitar os museus e cidades históricas, os viajantes podem participar de experiências interativas organizadas por essas instituições. Recriações de missões de sabotagem, palestras de especialistas e trilhas históricas são algumas das atividades que transportam os visitantes para os eventos retratados em Número 24.
Trilhas Históricas
Muitas cidades oferecem trilhas guiadas que levam os visitantes a locais-chave da resistência. Em Rjukan, por exemplo, você pode seguir os passos dos comandos que participaram da Operação Gunnerside. Em Oslo, há passeios que exploram os esconderijos e rotas de fuga usados pelos combatentes clandestinos.
Recriações de Sabotagens
Alguns museus, como o de Vemork, organizam eventos que recriam missões de sabotagem, permitindo que os visitantes entendam os desafios enfrentados pelos membros da resistência. Essas atividades são ideais para famílias e grupos escolares.
A Importância de Preservar a Memória
Filmes como Número 24 ajudam a popularizar histórias de coragem e resistência, mas nada se compara à experiência de visitar os locais onde esses eventos realmente aconteceram. Cada museu e cidade mencionados neste artigo mantém viva a memória de um período que testou os limites da coragem humana. Preservar essa história é essencial para as futuras gerações, garantindo que os sacrifícios feitos não sejam esquecidos.
Conclusão
Se você ficou inspirado por Número 24, uma viagem pela Noruega oferece a chance de mergulhar ainda mais fundo na história da resistência contra a ocupação nazista. De museus repletos de artefatos históricos a cidades que respiram história, cada local traz uma nova perspectiva sobre a luta pela liberdade. Planeje sua viagem, explore esses destinos incríveis e conecte-se com o legado de bravura que moldou a Noruega moderna.
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