Tatuagens e piercings na reconstrução histórica

Salve medieveiros !

Quero falar com vocês hoje sobre algo que me chama muita atenção na reconstrução histórica: tatuagens e piercings. Os nórdicos eram mesmo tatuados? Existia tatuagem na Era Medieval? O que fazer como reenactor?

Acho que tatuagem hoje não é mais um tabu. Pelo menos eu espero que não seja.

Todo mundo que conheço, até meu pai, tem tatuagens. E dentro desse cenário medieval, no Brasil e no mundo, a busca por tatuagens nórdicas tem crescido muito.

O objetivo do vídeo de hoje é trazer a discussão da tatuagem como reconstrução histórica, falar um pouco das evidências arqueológicas e antes de mais nada, gostaria de esclarecer que essa é a minha opinião sobre minhas tatuagens e gostaria de conhecer a de vocês aqui nos comentários 😊

Primeiramente, o que a gente sabe sobre as tatuagens da Era Viking? Os nórdicos eram MESMO todos tatuados até o pescoço com símbolos e nós ? Da onde vem essa ideia?

Vamos lá… a gente não tem nenhum achado histórico com a pele de um nórdico super conservada para nos mostrar esses desenhos na pele. Estamos falando de um período de mais de mil anos de uma região que não aguentaria conservar a pele por tanto tempo. É uma pena…

A ideia de escandinavos tatuados que temos hoje vem do relato do Ahmad Ibn Fadlan, um árabe pesquisador do século X que foi enviado pra Russia numa missão diplomática e se encontrou com os mercadores RUS da Suécia.

Ele descreve que os homens eram tatuados das pontas dos dedos até o pescoço, com desenhos verde ou azuis parecidos com árvores e símbolos. A gente acredita, analisando as artes da Era Viking nas joias e marcenaria, que essas árvores eram os famosos nós que variam de estilo por região e período.

Para analisar esses desenhos e termos certeza de que a tatuagem era algo comum, precisaríamos ter um corpo muito bem conservado datado dessa época e dessa região.

O que temos de corpinho conservado não data a Era Viking, muito menos a Escandinávia, mas temos sim o achado de uma múmia intacta de uma mulher que foi sepultada no século V antes de Cristo numa altitude de mais de 2 mil metros nos limites da Russia,Mongolia, China e Kazaquistão. Essa mulher era do povo Pazyryk, ascendente dos eslavos e a mídia chama ela de Princesa Ukok. Ela morreu com aproximadamente 25 anos de idade e tinha o corpo todo tatuado com animais e seres mitológicos.

Reconstrução das tatuagens por cientistas – Princesa Ukok

Historiadores acreditam que esses povos antecessores usavam essas tatuagens como uma espécie de passaporte, um documento de identificação da sua tribo e esses desenhos inclusive ajudariam a pessoa se reencontrar com seus familiares na travessia da vida para a morte.

Okay, pensando nesses fatos e sabendo que as tatuagens que fazemos hoje são contemporâneas e baseadas num passado que eu não tenho certeza, Eu prefiro não mostrar minhas tatuagens e piercings quando eu faço reenactment.

Não gosto de mostrar minhas tatuagens porque quando eu faço o reenactment, eu quero me sentir numa imersão, numa viagem no tempo e tento me aproximar o máximo possível dessa época que eu reconstruo.

Logo, minhas caveiras e rosas e até mesmo minhas runas e meu lobo feito baseado em artes nórdicas, acabam me trazendo para uma visão contemporânea do que foi a era medieval. E este não é meu objetivo.

É como se eles estivessem ali me trazendo para a realidade do século XXI e todo encanto se desfaz. Eu viro abóbora.

Bom… mas então o que fazer para reconstruir um período medieval de uma maneira mais autêntica, sendo que eu to cheia de tatuagens e piercings pelo corpitcho?

O segredo é esconder.

Em primeiro lugar eu tiro todos os piercings e joias atuais. Por mais que elas pareçam com releituras de achados. Depois eu busco cobrir com hood, vestidos e túnicas longas, calças ou winingas, essas tatuagens que aparecem.

Como eu tenho tatuagens nos dois braços e que aparecem nos punhos, minhas túnicas e vestidos eu costumo fazer mais justas. Para evitar mostrar esses desenhos.

Uma boa alternativa é usar braceletes de latão, reproduzindo joias daquela época. Mas isso também depende demais do seu recorte.

Mas e quando está muito calor, em pleno acampamento de verão, o que fazer?

Aí só temos duas opções: curtir o momento e esquecer essa modernidade toda ou morrer de calor.

Geralmente eu pego uma cerveja e deixo essas questões de lado.

E você? Tem tatuagens e piercings? Como você faz para reconstruir um tempo mais antigo? Compartilha comigo sua opinião nos comentários e não esqueça de seguir o canal e ativar o sininho

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